27 novembro 2004

Estórias com mural ao fundo - XXV: O português e o chinês

1. Há dias, num dos cemitérios de Lisboa, estava um jovem, de boa aparênica, a depositar um ramo de flores na campa, presumivelmente, de um familiar ou amigo. De repente vê a seu lado um velhote, com traços fisionómicos de chinês, que colocava delicadamente um prato de arroz na lápida de outra campa.

O jovem portuga não se conteve e logo ali entabulou conversa com o velhote chinês:
- O senhor desculpe, mas acha mesmo que o seu defunto virá aqui comer o arroz?

Respondeu o velho chinocas, com a confiança, a serenidade e o humor que são próprias dos sábios e da milenar cultura das gentes do Oriente:
- Mas concerteza, meu jovem!
- Ah, sim ?! E, já agora, quando ?, retorquiu o portuga, com ar irónico.
- Olhe, ma mesma altura em que o seu defunto vier cheirar as flores!

2. Moral da estória:

Tenta compreender o outro,
E sobretudo respeita as opções do teu vizinho,
Do teu irmão, do teu amigo
E do estrangeiro que passa
No passeio do outro lado da rua.
Sejam elas no domínio teológico ou filosófico,
Religioso, moral, ético ou político.
Nunca sejas juiz em causa própria.
Põe-te na pele do outro,
Que é diferente,
Que não pensa como tu
Nem tem de se comportar como tu
Em muitos outros assuntos,
E nomeadamente nos da esfera privada…

Sem comentários: