13 fevereiro 2006

Guiné 63/74 - DXXVIII: A verdade sobre o desastre de Cheche: a culpa não pode morrer solteira

Guiné-Bissau > Madina do Boé > 24 de Setembro de 1973 > O PAIG proclama unilateralmente a independência. Fonte: PAIGC (?). Foto tentilmente cedida por Jorge Santos (reproduzida de: Guerra Colonial: Chaimite o Último Ciclo do Império. Lisboa: Museu República e Resistência. 1999).


O nosso blogue orgulha-se de acabar de publicar o depoimento do Rui Felício (1), que foi alferes miliciano da CCAÇ 2405, e que perdeu 11 dos homens do seu grupo de combate no dia 6 de Fevereiro de 1969.

Ele foi vítima e ao mesmo tempo testemunha dos acontecimentos. Passados 37 anos, ainda há factos, controversos (e graves), por esclarecer: um deles é a ordem do 2º Comandante da Operação Mabecos Bravios (um major de que o Rui não se lembra o nome) e que terá obrigado o oficial que comandava a travessia do rio em jangada (Alf Diniz), a embarcar não dois mas quatro pelotões, infringindo assim as normas de segurança (a lotação da jangada era de 60 pessoas)…

Os tipos da SIC passaram há anos um filme sobre o desastre de Cheche mas, ao que parece, desvalorizaram a versão dos nossos camaradas da CCAÇ 2405…

Será que alguém quis (e continua a querer) branquear a história e alijar a carga da responsabilidade ? Os camaradas da CCAÇ 2405 – e todos nós, os mortos e os vivos! – temos o direito à verdade, por muito que nos doa…

Este blogue não é nenhum tribunal, mas nenhum de nós quer que a culpa morra solteira, como é habitual neste país… Podemos e devemos fazer um juízo moral sobre a (in)competência dos nossos comandantes militares… Temos esse direito, ganhámos esse direito…

Eu, pessoalmente, gostaria de saber:

(i) quem era o dito major;

(ii) a que companhia pertencia o Alf Dinis (CCAÇ 1790 ?);

(iii) se a ordem do major ficou registada por escrito;

(iv) se o Alf Diniz ainda está vivo e mantém essa versão…

A verdade é que alguém deu ordens (!) para meter 120 homens armados até aos dentes numa jangada cuja lotação era só para metade…

Saúdo o Rui Felíico, com respeito, admiração e solidariedade!

Luís Graça

(ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)

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(1) Vd. post de 12 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXXVI: O desastre do Cheche: a verdade a que os mortos e os vivos têm direito (Rui Felício, CCAÇ 2405)

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